Desvendando segredos

Desvendo as tuas montanhas,
que de verde se fazem florestas,
e de branco se vestem vastas
planícies de neve incandescente.
Descubro os sítios secretos
onde passeias desgostos e
guardas imperfeições, longe
de olhares estranhos. Ninguém,
ninguém como eu, vê como
Se desfazem em risos os cantos
dos teus olhos. Como
é de luz que se vestem as tuas
Mãos, que se estendem em dedos
infinitos, intensas impressões nos
lençóis, de pele e de seda, porque
assim é a tua alma, nua e delicada.
Ninguém, ninguém como
eu, vela contigo noites de insónia,
e con􏰀tigo chama o sono, sussurrando
e tecendo sonhos. Eu vejo as
Intrépidas paisagens no teu ser.
Vejo os sulcos de miséria, as
abóbadas celestes que acenaste
Na infância, terra de cores e desertos
frios e com pedras, porque a areia
se esgotou por entre o Tempo.
Vejo como esperas em quarentena.
Entardece, mas dentro de ti􏰀 cai
Noite gélida. Ninguém como eu
Espera a aurora para nós,
Porque é de orvalho inaugural
que é feita a nossa sede.
Cá dentro, espero-te,
Ainda é cedo para te morrer em Esperança.

1 thoughts on “Desvendando segredos

  1. Eis um poema que parece nascer de uma intimidade muito especial, daqueles silêncios que tudo transmitem apenas numa troca de olhares, no ecoar de uma canção sem acorde, no bater compassado de corações que se reconhecem. Mais profundo do que palavra proferida é, sem dúvida, o que sorrindo se partilha num silêncio cúmplice perante o vislumbre da eternidade fulgente. Pelo menos foi isto que, ao meu olhar, o poema transmitiu. Mas não esqueçamos a espera das manhãs, a esperança que o sol trará no regaço, a certeza calada de que derretidos os gelos farão os rios de verões ainda por nascer. Tudo isto se impressa nas linhas que escreveu. Afinal, «é de orvalho inaugural / que é feita a nossa sede». Muito bonita esta passagem… Gostei bastante.
    Um abraço poético.

    Gostar

Deixe um comentário