Amar pequenas flores

A força das pequenas flores.

Pequenas flores há muito desejadas. 

Primeiro semeadas onde o terreno ainda infértil, aguarda.

Sementes adormecidas e duras como a lua. À espera. Caladas. 

Ao florescer, são pequenas. E só enormes no seu desejo, no seu grito de vida.

Às pequenas flores, o Amor Maior.

O Amor que dilacera. O Amor que transborda. 

O Amor ao que é pequeno em tamanho e gigante no que se quer mais que tudo,

A salvo do mundo, a salvo dos homens. Bem perto do nosso centro, do nosso Deus interior.

Ao meu filho, o Amor maior, em desmesurada medida, cheio de medos e imperfeições.

E ainda assim, cheio, numa plenitude que suporta galáxias e estrelas. 

A pequena flor, o meu filho, o meu Amor Maior. Que dói na alegria impossível de existir.

É pecado não amar demais… pequenas flores só se amam assim, para sempre.

A arte de saber esperar de mãos vazias

Há em tudo o que existe um ser pequenino em camadas. Como um botão de flor, dobrado em si mesmo em um milhão de pétalas, guardando um segredo impossível. A realidade das coisas às vezes é crua e simples, cada coisa é o que é, mas isso às vezes não basta. Pressentimos o palco maior onde tudo se inscreve; o ruído de fundo do Universo que nos faz por vezes perder o chão, por ser tão imenso. Aí vivem todos os porquês do mundo, toda a ordem, todo o sentido. E é tão difícil apreender este fundo essencial, esta consciência maior, esta vastidão de galáxias distantes do centro da Terra. 

E, quando as marcações da realidade nos trocam as voltas, quando tudo está certo até onde podemos sentir, e tão pronto, que nos sentimos à beira de uma grande mudança, como uma onda imparável e, mesmo assim, tudo se imobiliza, temos de nos entregar ao abismo sábio, à vontade ancestral da Natureza. 

Entregar ao que tem de ser. Sem fazer perguntas, com as mãos vazias e de coração cheio, esperar. E confiar no que parece vazio, apenas porque não compreendemos. E vai tudo ficar bem.