É fácil ser santo no cimo da montanha, no sentir eremita de quem se afasta do mundo.
É fácil manter-se à tona se nunca se tocar na água, evitando o mergulho.
É fácil não sofrer, basta não sentir.
Escolher a margem será sempre o caminho mais fácil e mais seguro.
Mas escolher o que é fácil não é viver. É ser-se moribundo, é viver dormindo na ignorância cega, numa imbecil tranquilidade, na absoluta solidão, no desperdício desta oportunidade na Terra. É ser parado, lago estagnado e estéril.
Foi para isto que viémos?
Escolher sentir, tocar, cuidar é incomensuravelmente mais difícil. Há dor e há perda e há risco. É caminhar na beira do penhasco com os bolsos cheios de pedras, com as mãos nuas, com a cabeça confusa. Mas é arte. É a verdadeira Arte, viver doendo, amando, caindo e levantando… escolher o caminho mais longo, e levar pouco na bagagem. O segredo talvez seja ser simples… deixando cair o que já não serve, não cabe e pesa na Alma e continuar, sempre.
Escolher o rio tumultuoso e esperar os lagos calmos, o raio de luz por entre as nuvens que nos bate em cheio na face, a mão que nos aperta o coração. Sentir o pulsar monstruoso do coração quando se ama e se teme perder. Isto é viver. E dizer no fim, valeu a pena.
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