Ao fim do dia, levo-te pela mão nas planícies douradas, em busca das flores azuis. Do céu, nuvens distantes como os males estão, longínquos e incólumes deste nosso amor. A luz derrama-se em nós e por dentro, como uma aura da natureza que se colou à pele. A terra batida levanta pó nos pés; é poeira das estrelas e não da morte. Os insectos afadigam-se a esta hora, com a paixão da noite porvir. E nós nesta quietude intensa, preparados para a fome que aí vem, nossa e dos bichos. A luz é líquida, como a água no ventre materno, impossivelmente terna. A candura da tarde que cai, gentil, no dia e nos corpos. Não há linhas rectas; apenas curvas sensuais do caminho. Guardam-se as alfaias. Bebem-se sôfregos dos vasos. Não importa a noite, se esta hora dourada é eterna.
Ari, escrito a fogo no meu caderno invisível.