Há voos eternos, dos pássaros a rasgar os céus em chamas, no ocaso desmaiado sobre o mar. Às vezes, vejo aquele negro bater de asas que se cruza no meu olhar com a esperança, a dançar na brisa, com envergaduras completas de desafio aos elementos mais agrestes. Assim se estendem as manchas negras sem sombra voando à hora do grito das espécies, quando a luz do dia se despede deste lado da terra. Assim é a esperança que nasce e não morre no meu olhar, no meu gesto, na minha Alma. Esta esperança é como um pássaro em perpétuo voo, voando apesar de tudo: do vento frio, das altas ondas, da noite escura. É de pura beleza a nuvem de seres esvoaçantes cujo grito ensurdece as rochas da praia, importa pouco que ninguém ouça o seu cantar ou acredite que se mantêm no ar. Importa voar sempre, acreditando no eterno de cada segundo, que se repetirá no seguinte. A esperança não conhece fome, nem sede, porque se renova logo que uma asa se baixa e se ergue de imediato a sua irmã. Esperança é nunca estar só.
Olha o movimento pertétuo dos pássaros. Assim se move a esperança no meu coração.