Diz-me, Alice, porque estás triste?
Porque te demoras nas coisas, como se estivessem longe, ou partido há muito.
Porque os teus olhos têm peixes de pequenos aquários, sonhando o oceano longínquo.
Porque seguras as sementes nuas nas mãos, como uma promessa vã de flores
E fixas o vazio com avidez, com a alma ferida pelo desejo.
Porque querer dói, e não querer, é morrer devagarinho.
Vive depressa, Alice, mas não te demores no desejo.
Gasta todos momentos, não guardes nenhum na memória daquilo que podia ter sido
E não foi, afinal.
Vês, Alice, consome a tristeza com parcimónia. Não deixes que te receitem alegria como um qualquer remédio. Digere a tristeza, porque ela também é natural.
E depois, deixa entrar a luz de um novo dia.