O impossível na palma da mão

Ontem, mergulhei longa e silenciosamente em mim
E regressei à superfície para respirar um pouco.
Hoje, mergulho em apneia e no fundo,
Sem fôlego, sou a minha frágil nudez.

E eu, que me pensava vestida até ao âmago,
Sou despojada de tudo. À minha volta, a água
Profunda, a verdade como um véu transparente:
Sou uma cura difícil. E o tempo, uma medida impossível
Na palma da minha mão, um coração cheio de buracos.

Na palma da minha mão, o leme do navio.
O navio alto e largo que eu sou.
Ou será um pequeno barco? Não sei.
Só conheço este leme do tamanho da minha mão,
Do tamanho do que vejo e sinto.

Mas eu tenho saudade do que não vejo,
Quando o que não vejo já não existe.
Então compreendo: é de mim que tenho saudade.
E vou segurar-me na palma da minha mão.

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