Falta-me a aldeia, grande nas suas gentes pequenas e espaços curtos. Tudo perto, mãos entrelaçadas, sorrisos de esguelha, alegria aos tropeções.
Falta-me a aldeia, luminosa, com casas brancas de porta aberta, com mesa posta, aromas doces e um lugar alto vazio, para aquele que tarda mas sempre vem.
Falta-me a aldeia, em que a única solidão era a de dentro e um choro que nunca era só de um. O amparo vinha de um mesmo colo, largo, com as lágrimas do mundo.
Falta-me a aldeia, falta sentir-me uma mulher da aldeia, onde o vazio rodeia mas não entra.
Porque na aldeia, a solidão faz-se multidão, o vazio sucumbe às vozes estridentes e o silêncio é o bálsamo da natureza, a calma dada aos pássaros e aos dias.
Faz-me falta a aldeia e as suas pontes para atravessar os abismos.
Agora a aldeia sou eu e tu e esta casa silenciosa a ecoar a solidão de dentro. Os brancos são são mais amplos, as montanhas mais frias.
Falta-me a aldeia…